segunda-feira, 29 de março de 2010

Mulheres de Paz! Mulheres da Paz!

Durante muito tempo de minha vida busquei a paz em minhas conquistas, meu primeiro emprego de verdade, a primeira vez que alguém me ouviu de verdade, o primeiro 10 na universidade, a primeira vez que me senti amada, a primeira vez que busquei por justiça.

E eu acreditava ter encontrado essa paz, pois já não temia mas a solidão, e conseguia estar bem comigo mesma, No ano passado fui convidada a acompanhar um projeto pela secretaria onde trabalho, o SEMIRA (Secretaria de políticas para mulheres).

O nome do projeto? Mulheres da Paz! Sua missão: resgatar jovens da criminalidade!

No primeiro encontro o impacto foi o seguinte: vi mulheres violentadas em sua essência buscando ajuda para ajudar, e pela primeira vez na vida tive medo de não conseguir ser eu mesma. Meu mundo, minhas lutas diárias pareciam tão pequenas perto delas, e elas compartilharam comigo suas histórias, seus piores e melhores momentos, e todas buscavam a mesma coisa, se encontrar e encontrar alguém que compartilhasse de sua dor, de sua luta. Nesse sentido nós nos completamos, mulheres de paz, em busca das mulheres da paz!

Estou apaixonada por mim mesma!



Houve um tempo em que me olhar no espelho era uma tortura, gostar de mim, então, nem falar! Parecia impossível, sei que em si tratando de mulheres isso é comum, digamos natural, mas no meu caso o não gostar de mim estava ligado a algumas situações que já vivi, situações essas que não conseguia apagar.

Quando, criança, vivia em um pequeno povoado a mais ou menos 70 km da Cidade de Goiás e e lá tive minha primeira experiência escolar, catastrófica, passava a a maior parte do tempo sozinha. Tinha uma única amiga que gostava de mim porque eu dividia meu lanche com ela, depois que ela comia sumia. E outra parte do tempo fugia de um menino que puxava minhas tranças ou jogava água na minha cabeça pra depois falar que meu cabelo era a prova de água. Eu contava para professora e ela não fazia nada. Depois de um tempo me vinguei dele, ele me xingou como de costume, e depois correu e eu peguei areia, joguei na cabeça e falei que foi ele, que ficou de castigo. Eu tinha 6 anos, me senti tão bem, percebi então que minha arma seria a inteligência. Já que todos diziam que eu era feia acreditei.

O tempo passou, outra cidade outra escola, outros apelidos, por muitas vezes eu quis desistir de estudar, mas graças aos deuses eu fiquei e resisti. Mas as vezes esses apelidos ainda ecoam sobre minha mente, mas hoje eles não tem mais efeitos sobre mim, porque me apaixonei por mim mesma, parece narcisismo mas não é, pois esse me apaixonar não me impede de ver a beleza dos que me cercam pelo contrario, me inspira a buscar a beleza em cada ser que cruza meu caminho.



segunda-feira, 1 de março de 2010

As mulheres da minha vida 2

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante com a graça de um adulto, e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vôo.
Depois de um tempo, você aprende que até o sol queima se você ficar exposto por muito tempo.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
Autor desconhecido

Essas frases me fazem pensar em mim mesma e nas relações que cultivei durante esses anos. Cresci escutando minha mãe dizer que a verdade, cedo ou tarde, sempre aparece, que quem fala a verdade não merece castigo, mas com o tempo aprendi que existem verdades e verdades, e que isso nem sempre depende dessa verdade ser mesmo real. Aprendi que a verdade depende do ponto de vista de quem a defende e que ganha quem tiver melhor oratória. Que as pessoas que falam verdade merecem, ou melhor estão sujeitas, à castigo, porque existem verdades que não devem ser ditas, pois algumas pessoas estão machucadas demais para poder ouvir.

A verdade o que é essa? Bom, passei parte de minha vida lutando contra a minha verdade, ou melhor contra a verdade que a sociedade impôs para mim, e a outra parte buscando a minha verdade, aquela que eu queria para mim, e sempre assombrada pelo medo do fracasso. Em muitos momentos de minha vida eu pensei em desistir e aceitar a verdade dos outros, daí eu pensava, mas porque eu tenho que aceitar a realidade de pessoas que nem me conhecem?

Acho bonito ouvir testemunho de pessoas que venceram na vida, criaram sua própria verdade por amor, ou outros sentimentos que são bem vistos socialmente.

Bom, na minha verdade o que vale é o bem estar daqueles que amo, mas não foi por amor à eles que busquei e ainda busco minha verdade, mas por raiva. Raiva, ódio são sentimentos que, bem canalizados, são bons, bons demais, eles me fazem lutar contra as injustiças, me sensibilizam diante de alguém que sofre, e me fazem humana, sujeita a erros, não que eu me esconda atrás para não tentar melhorar, mas depois de aprender isso perdi parte do medo que tenho do fracasso, de decepcionar as pessoas que amo, porque me permito errar.

As mulheres da minha vida

Na minha infância tive o privilegio de ter uma vó e uma bisavó, pena que não percebi isso antes, pois teria aproveitado mas da companhia delas. Meus pais vieram para a cidade para que pudéssemos estudar, e para fugir da fome, já que vivíamos de favor em uma fazenda, e a presença da minha mãe e minha bisavó eram constantes na minha vida.

A minha vó! Eu tinha pesadelos com elas, sempre apressada em direção a roça e sempre arrumava algo para a gente fazer, mas o que mais me assustava nela hoje é o que mais me encanta: a voz, quase sempre em tons altos, gritantes e um jeito de falar, uma linguagem só dela, única, perfeita para minha vó.

O que mas gosto de ouvir é quando eu a chamo e ela me responde.

“Vó!” “Doque, minha neta?”

Meu Deus, como é bom ter ela por perto.

Já a minha bisa, como era doce a voz dela, mas parecia uma canção de ninar, iguais as que ela cantava enquanto contava histórias quando eu era criança. Que falta ela me faz! E minha mãe é a mistura das duas, a doçura e a dureza se alternam dependendo da ocasião.

E eu? Tento imitar para ver se minha filha sente por mim um terço do orgulho que eu sinto de cada uma delas.