domingo, 30 de agosto de 2009

Memória e Patrimônio, uma questão de Identidade: Histórias e estórias de Vila Boa de Goiás




Se me perguntassem há um tempo qual era o meu maior patrimônio? Sem dúvidas eu responderia minha filha, meu cachorro já que era o único bem material que tinha e ainda tenho menos. O cachorro não tenho mais.

Quando me especializei em gestão do patrimônio cultural percebi que o conceito de patrimônio vai além do meu mundo particular, e que sem perceber eu dividia esse patrimônio cultural com muitas outras pessoas, algumas que eu gostava outras não, acima de tudo aprendi que sou eu quem determina o que é patrimônio para mim, e que esse pertencimento nem sempre acontece por sentimentos bons, por muitas vezes selecionamos lembranças das quais queríamos esquecer. Isso chamamos de memória seletiva.

A discussão sobre patrimônio no Brasil é nova, surgiu no inicio do séc. 20 e vem se adequando a nossa realidade, devido à imensa colcha de retalho cultural que somos.

O patrimônio cultural brasileiro é imenso e muito diversificado. Mas como fazer com que as pessoas percebam a importância de se preservar esse patrimônio, se somos fruto de uma sociedade que busca o novo, o moderno, e que associa a memória a velhice e infelizmente a velhice a algo que não tem mas valor, algo que precisa ser substituído.

Foi Mario de Andrade que, na década de trinta, ao discursar sobre a riqueza cultural do Brasil, e do descaso com a qual tratavam o que ele chamou de monumento histórico, hoje também chamado por Bosi como lugares de memória, afirmou que: ”um Povo sem memória é um povo sem história”.

História: agora chegamos onde gostaria. Em 2004 me formei pela Universidade Estadual de Goiás em história e, mesmo sendo uma área onde trabalhamos memória, monumentos, diversidade, nunca, nem por uma vez, consegui perceber o meu papel e minha existência dentro desse processo, e quando estudamos história de Goiás foi pior.

Sempre morei em Goiás, cidade histórica de grande importância para compreensão do contexto social e cultural do Brasil, mas eu nunca havia me sentido parte desse cidade onde vivi a vida toda, até 3 anos atrás.

O fato de ter sempre vivido aos arredores da cidade fazia com que me senti-se fora do contexto, a minha relação com a cidade era de uma criança de nove anos que trabalhava de babá nas casas históricas do centro, essa memória seguiu comigo por muitos anos, e quanto mas eu estudava, mas me sentia excluída da minha cidade da minha história.

Hoje com 34 anos me formei no mestrado de Gestão do Patrimônio e fui convidada a ministrar um curso de formação para professores da minha cidade, fui convidada a despertar nesses professores o sentimento de pertencimento, sentimento esse que por muito tempo eu me neguei porque os mesmos me faziam lembrar momentos dos quais eu queria apagar da minha memória.

Este é meu quarto grupo de formação de multiplicadores patrimoniais e foi a experiência que mas temi e a mais gratificante até agora. Quanto á minha cidade habita em mim e como todas as minhas lembranças boas, ruins, não importa. Elas me lembram de onde vim, e acima de tudo quem eu sou..


Art. 216. Constituem o patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.(Sant’Ana 1997, pag. 41)


“Memória e Patrimônio, uma questão de Identidade: Histórias e estórias de Vila Boa de Goiás”

Curso de qualificação para educadores, dias 27 e 28 de agosto 2009, na cidade de Goiás; promoção Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Gestora responsável Prof. Msc: Rosinalda Corrêa da Silva

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mestre em Gestão do Patrimônio Cultural!

Chegou o grande dia depois de quase três de dedicação e incertezas, chegou o dia de defender minha tese de mestrado. Mestrado bom para uma pessoa que voltou a estudar aos 22 anos e não tinha concluído nem a fase inicial dos estudos: acho que progredi.

E muito difícil falar de si mesmo, para mim sobre tudo, mas o que posso dizer é que estou no rumo certo para o que quero para minha vida; e o que quero? Bom, na maioria das vezes eu não sei, quero crescer e sobre tudo que minha existência não seja em vão sobre tudo para os que me cercam. Então agora sou mestre em Gestão do Patrimônio Cultural, e nesse processo tive mais certeza de que o maior patrimônio de cada um é sua essência, sua verdadeira identidade. Sem ela nenhuma busca terá êxtase.


sábado, 31 de janeiro de 2009

Contando histórias na Itália...



Aqui abaixo um link ao mesmo video que, além do conto, tem uma introdução ao conto e á minha atividade de contação de histórias.
http://gallery.me.com/stefanosimoni#100095